Desempenho econômico recente e perspectivas de crescimento tornam País muito mais promissor para estrangeiros do que era há alguns anos.
O Brasil entrou definitivamente no mapa do mercado internacional de trabalho para executivos. Os motivos são, principalmente, o bom desempenho econômico do País durante a crise financeira, a perspectiva de crescimento forte em áreas estratégicas, os salários mais atrativos com a valorização do real e a oferta de vagas, farta aqui e restrita lá fora.
“O Brasil hoje é visto como uma pérola no mundo inteiro”, afirma Alfredo Assumpção, sócio-diretor da Fesa, empresa de recrutamento de executivos. “Vai haver muito investimento, o País ganhou o grau de investimento, foi muito bem na crise e, se não cresceu, não caiu.”
Com isso, o País tem atraído executivos de várias partes do mundo, observa. “Há uma oferta natural de estrangeiros. Recebo pelo menos 10 currículos por dia de estrangeiros querendo vir para o Brasil, da Índia, China, Europa, Estados Unidos, Austrália.”
Um estudo realizado pela consultoria de recursos humanos Mercer, a pedido do Estado, mostra o aumento da relevância do mercado brasileiro. A pesquisa, feita no início do ano com 33 empresas, mostra que, entre 2005 e 2009, dobrou o número de estrangeiros trabalhando no Brasil. O número médio de executivos por empresa passou de 11 para 21.
Mas o oposto também aconteceu: há mais brasileiros trabalhando em companhias no exterior. Há cinco anos, a média era de 16 executivos brasileiros por empresa. No ano passado, foram 29. Os principais destinos desses profissionais foram países da América Latina, seguidos pela América do Norte e a Europa.
Nível. Segundo Assumpção, os interessadosem vir ao Paíscostumam ter altíssimo nível de qualificação. “São executivos normalmente que cuidam de áreas de negócios, que cuidam de dois ou três países, acostumados a lidar com operações grandes.”
De acordo com o headhunter, a vinda ao Brasil pode ser compensadora em termos financeiros. “Aqui tem oportunidade de ganhar mais dinheiro no médio e longo prazos do que na Europa, por exemplo. É uma terra da oportunidades.” A isso, soma-se a oferta hoje restrita de executivos de alto nível no País. “O Brasil não tem política de educação que prepare executivos para um crescimento econômico de 5% a 6% ao ano.”
Para César Souza, sócio-diretor da Empreenda, entretanto, a escassez de talentos no País não quer dizer que os brasileiros não tenham potencial. “Não é uma questão de competência. É que não se tem em quantidade e qualidade suficiente. Da forma como a economia está crescendo, levaria de dois a três anos para formação. Nesse caso, é mais fácil trazer de fora.”
Segundo ele, a importação de executivos ocorre em vários níveis de liderança. “Mesmo as empresas brasileiras que não são múltis, que querem se profissionalizar e querem ampliar mercado, estão começando a recrutar, não digo presidentes, mas em nível gerencial e de projetos específicos, áreas técnicas, estão trazendo de fora.”
Alguns setores se destacam na atração de estrangeiros, diz Souza. Entre eles estão o de estaleiros ? que não tem mão de obra formada no setor no País ? e siderurgia. “A caça por mão de obra está intensa, a base de salário subiu, e as empresas têm dificuldade de achar brasileiros.”
Em encontro de executivos da Case Consultores, o economista Ricardo Amorim disse que o bom momento econômico tem feito com que brasileiros expatriados queiram retornar ao País. “Há claros sinais de que a economia brasileira está vivendo um momento extremamente positivo. Muitos brasileiros, como eu, voltaram a viver no País, e até mesmo os estrangeiros querem vir para cá, em busca de oportunidades”, disse.
Norberto Chadad, CEO da Case Consultores, disse que 10% do recrutamento realizado pela empresa já é feito hoje a partir de solicitações feitas do exterior. “São principalmente empresas que querem se instalar no Brasil, mostrando que nosso País está definitivamente no centro das atenções da economia mundial.”