SÃO PAULO – O LinkedIn já se firmou como ferramenta básica para recrutadores em busca de mais opções e como “cara” profissional on-line de quem está no mercado de trabalho, seja empregado ou em busca de novas oportunidades. Como raio x da vida profissional – dependendo da disposição de quem está atualizando o perfil, é claro – já funciona praticamente como um currículo vitae on-line. Mas o perfil na rede social já substituiu o currículo profissional tradicional? O Valor conversou com especialistas para saber.
Uma pesquisa da Robert Half com 1.876 diretores de RH de 17 países aponta que 34% dos brasileiros acham muito provável que redes sociais como o LinkedIn ou o Facebook substituam os currículos tradicionais no futuro. Para 42%, é pouco provável, mas apenas 20% se dizem mais certos de que isso nunca acontecerá.
Para os recrutadores consultados pelo Valor, no entanto, esse futuro ainda está muito distante, se é que vai chegar. “Pedir o currículo tradicional formaliza o processo, é mais uma etapa que prova que o candidato está mesmo interessado na oportunidade”, diz Sergio Sabino, diretor de marketing do Page Group para o Brasil e América Latina. “No LinkedIn, o perfil está disponível para todos.” Para Sabino, ainda há um simbolismo muito grande no currículo “off-line”. Para ele, é lá que o profissional vai destacar aspectos específicos em relação à posição para a qual está se candidatando, como objetivo profissional e expectativas salariais.
Para Lucila Yanaguita, sócia da Search, o LinkedIn é suficiente para uma triagem inicial, em que o recrutador verifica se o candidato cumpre alguns requisitos, mas é com o currículo que é possível se aprofundar na experiência do profissional – até porque nem todo mundo mantém o perfil do LinkedIn com informações suficientes. “Tem pessoas que colocam tanta coisa que até seria suficiente olhar apenas o perfil. Mas em algum momento vão pedir o currículo durante um processo seletivo, em 100% dos casos”, diz.
Para Denise Barreto, sócia da GNext, outra vantagem do currículo tradicional sobre o perfil do LinkedIn é a possibilidade de passar mais informações sobre a personalidade do candidato. “O perfil no LinkedIn é muito padronizado, você consegue identificar a experiência profissional, mas não características comportamentais como acontece com um currículo”, diz. Assim, o layout usado e a formatação do currículo o deixam mais personalizado e acabam trazendo mais informações sobre o profissional.
Apesar de não acharem que o uso do currículo tradicional está ameaçado pela popularidade do LinkedIn – no Brasil, já são mais de 10 milhões de usuários conectados à rede social -, os recrutadores insistem que estar presente no site é importante para entrar no radar dos headhunters. Para facilitar aparecer na busca, os especialistas destacam que é importante ter o perfil o mais completo possível. Segundo Lucila, um resumo de três linhas com o nível de responsabilidade de cada função facilita o trabalho dos headhunters, bem como detalhes como especificar a indústria e o segmento no qual atua, uma vez que muitos recrutadores fazem a busca por meio dessas palavras. Usar ferramentas de interatividade, como o espaço para recomendações de competências e especialidades, lançado no ano passado, também pode ajudar, concordam Lucila e Denise – mas não é decisivo, e sempre será checado pelos headhunters, então não adianta “forçar a barra”. Segundo Sabino, pode ser ainda pior se os recrutadores perceberem que o profissional combinou com colegas para receber recomendações só para aparecer com mais frequência na busca.